Fomento Florestal e a alternativa do cultivo de eucalipto

Por Luiz Nemer

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Dentre as várias formas de melhorar a economia de qualquer país, como investir em indústrias automobilísticas, agricultura ou turismo, encontramos no cultivo das árvores de eucalipto uma opção de grande ajuda e rentabilidade. Além do lado financeiro, elas também são utilizadas para o reflorestamento de áreas desmatadas, o que aumenta a importância de sua plantação.

Em Viçosa, foi criado há dois anos (2006) o Projeto Fomento Florestal, que tem como um dos seus objetivos auxiliar pequenos e médios produtores da Zona da Mata a começarem sua própria plantação de eucalipto, para que este, então, complemente a renda e ajude nas estruturas das propriedades. Ele é coordenado pelo professor José de Castro e composto por 12 bolsistas da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais) estudantes do curso de Engenharia Florestal, que trabalham 20 horas semanais cada. Sua sede se encontra no Laboratório de Propriedade da Madeira, na UFV.

O Fomento Florestal consiste na transferência da tecnologia produzida na Universidade para os proprietários interessados, como lembra José de Castro. Para ele acontecer, houve um grande investimento estrutural, em que foram comprados máquinas fotográficas, GPS’s (Global Position System - aparelho de georeferenciamento), computadores  e dois carros para os estagiários poderem visitar e levar as informações aos produtores rurais. Também foram produzidas cartilhas com várias orientações, como de que forma plantar as mudas, adubar e colher a madeira, para facilitar e aumentar a produtividade e sustentabilidade da plantação.

Além das visitas, o projeto oferece nas cidades em que trabalha minicursos e palestras que dão base e capacitam sobre o assunto cultivo de eucalipto. Complementando, tem o dia de campo e ações concentradas de longo prazo, como a chamada Blitz Ecológica, que para veículos na estrada para entregar aos motoristas folhetos sobre sementes da árvore Ipê Amarelo.

Os produtores que desejam fazer o plantio de eucalipto precisam preencher um cadastro no Instituto Estadual de Florestas. O IEF, em seguida, encaminha esse cadastro ao Projeto, que por sua vez, envia dois ou três de seus estagiários para realizarem o mapeamento do local a ser plantado.

Para fazerem esse mapeamento, eles vão até uma extremidade da propriedade escolhida para plantação, ativam o GPS e fazem o contorno (sempre nos limites do lugar, geralmente próximo às cercas) até chegarem ao ponto de partida. Então o aparelho indica a latitude, longitude e quantos hectares têm a área. Os estudantes repassam as informações aos produtores, as cartilhas com orientações e, antes de voltarem, retiram dúvidas e dão dicas sobre o cultivo do eucalipto, tudo dentro da Legislação Ambiental, para que não infrinjam a Lei dos Crimes Ambientais (Lei da Natureza) ou causem danos ao meio ambiente.

Após visitarem as propriedades e fazerem todo o serviço, eles voltam ao Laboratório de Propriedade da Madeira e transmitem os dados obtidos pelo GPS para o computador através de um software específico (GPS TrackMaker), assim como as fotos tiradas, que documentam cada visita. Com tudo nos computadores, o Fomento Florestal encaminha os dados ao IEF, que se orienta por eles e libera gratuitamente ao produtor, na época do plantio (final do ano), as mudas, adubo, formicida e assistência técnica de acordo com a capacidade do terreno.

O pessoal do projeto retorna à propriedade cerca de dois ou três meses após a plantação (janeiro/fevereiro) para verificarem se a tecnologia orientada foi aplicada e se surgiram alguns problemas, como cupins ou formigas, pragas que precisam ser combatidas pelo menos no primeiro ano de idade do eucalipto, quando ele ainda é muito vulnerável. Depois os estagiários só voltam em junho ou julho para fazerem a avaliação do plantio.

Com cerca de sete anos a madeira das árvores já poderão ser colhidas. É aí que o produtor decide o melhor a ser feito. Suas opções são várias, uma vez que o eucalipto é usado em muitas áreas do comércio. Tradicionalmente, sua madeira é utilizada na produção de celulose (que se tornará papel), de carvão (gerador de energia para algumas indústrias) e nos pólos moveleiros. O uso não-tradicional também é muito interessante. Por ele, pode-se, através da celulose líquida, fazer camisas, capas para salsicha, cápsulas de remédios, rações de animais e até pneus de avião. Devido a esse campo extremamente amplo, plantar eucalipto é uma boa alternativa de renda.

O que é orientado aos pequenos e médios produtores e não se pode esquecer, como frisou José de Castro, é que não se deve fazer a monocultura, ou seja, viver apenas com esse tipo de plantação. Ela servirá como um complemento, e não como principal fonte de renda. Cultivar plantas geradoras de alimentos ou então animais é muito importante, tanto para o produtor quanto para a sociedade, afinal, nós não comemos eucalipto.

Contatos:
Laboratório de Propriedade da Madeira (falar com Fabiano) – 31 3899 2193

José de Castro (Sala no Laboratório de Propriedade da Madeira) – 31 3899 2489
Email: jcastro@ufv.br

Ney Bruno Diniz Campos (estagiário): 31 8822 1208
Email: neyfloresta@pop.com.br

Amauri Pinheiro Ferreira (estagiário): 31 8803 1922
Email: apinheiroferreira@yahoo.com.br

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