Óleos contra o câncer

Por Fernanda Mendes Viegas

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A população mundial, com o passar do tempo, tem adquirido maus hábitos alimentares e comportamentais. Isso pode acarretar o aumento da proliferação de doenças crônicas como o câncer. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 140 mil pessoas morrem todos os anos vítimas da doença. Ela é causada por fatores cancerígenos, como o tabagismo, sedentarismo, má alimentação, obesidade, ingestão de bebidas alcoólicas e exposição excessiva ao sol, que ao longo dos anos acarretam uma instabilidade genética na célula, gerando um crescimento desordenado da mesma e a formação do tumor. Além disso, possuem a capacidade de penetração no sangue e invasão em demais órgãos, configurando a metástase.

A predisposição genética também é um fator cancerígeno encontrado em pessoas que têm maior sensibilidade à carcinogênese (formação de câncer) e que possuem ocorrência dessa doença na família. Geralmente, esses indivíduos apresentam o câncer ainda jovem.

No caso do câncer do cólon do intestino, o desenvolvimento da doença está diretamente ligado ao hábito alimentar. O público que apresenta com maior freqüência os sintomas são os idosos. Isso, devido à manifestação da doença aparecer depois de um longo período de estímulo aos fatores cancerígenos. Os sintomas mais comuns são dor de barriga, dificuldade para ir ao banheiro, cólica, presença de sangue nas fezes, anemia e fraqueza.

De acordo com o site do Ministério da Saúde, no período de 1979 a 2004, houve um aumento na taxa de mortalidade das vítimas de câncer de cólon de 54,24% nos homens e 38,22% nas mulheres. Essa moléstia é a terceira mais freqüente entre os homens, ficando atrás do câncer de próstata e de pulmão e o quarto entre as mulheres, após o câncer de mama, colo de útero e estômago.

A pesquisadora e professora da área de Nutrição da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Maria do Carmo Gouveia Peluzio, iniciou em 2002 estudos que analisam a função dos óleos na prevenção do câncer de cólon do intestino. O rato albino da espécie Wistar foi o escolhido por ser um modelo para o câncer, já que ele resiste por mais tempo à droga dimetilhidrazina aplicada para a indução da doença. As avaliações serão realizadas por meio da análise do sangue e de alguns órgãos, como o intestino, o fígado e o pâncreas desses animais.

O trabalho, que está na metade, busca avaliar quatro diferentes óleos: de soja, azeite de oliva, óleo de linhaça e óleo de peixe. Os dois últimos, por apresentarem o ácido graxo ômega-3 que produz moléculas antiinflamatórias, responsáveis por desacelerar o crescimento das células cancerígenas, têm apresentado resultados mais eficazes na proteção do câncer. No entanto, segundo Maria do Carmo “o ômega-3 é encontrado principalmente em peixes de água gelada e alimentos que não são de consumo habitual. Seria atum, truta, arenque, salmão, que são, inclusive, peixes caros”. Para a população de baixo poder aquisitivo, a pesquisadora sugere o consumo de sardinha e vegetais verde escuro, como o brócolis, para a absorção do ômega-3.

A pesquisadora ainda salienta que é recomendado o tratamento preventivo com a utilização dos óleos só para pessoas que apresentam alguma propensão ao câncer, possuem tendências a doenças crônicas ou têm problemas do trato gastrodisgestório. Ela assegura que uma alimentação balanceada e variada é naturalmente rica em nutrientes e vitaminas indispensáveis ao organismo, não havendo necessidade da utilização de suplementos para os indivíduos sadios. Cabe, também, às pessoas o conhecimento da composição dos alimentos que consome e a prática de atividades físicas, no mínimo três vezes por semana.

O tratamento deve ter acompanhamento médico, pois ainda não se sabe qual a quantidade de óleo deve ser consumida e, de acordo com a professora, o excesso do consumo pode aumentar a chance da deposição de gordura.
A oncologista do Hospital São João Batista em Viçosa, Tânia Mara Saldanha diz que não pode faltar alimentos amarelos para a obtenção de vitaminas e fibras por meio de alimentos integrais, aveia, granola, farinha de trigo e frutas. Segundo ela, o ideal é o consumo de cinco porções diárias de frutas, legumes e verduras, o que equivale a 400 gramas desses alimentos juntos.

Tânia Saldanha afirma que a maior dificuldade na prevenção do câncer do intestino está na conscientização. Ela entende que não é simples a inserção de um novo hábito alimentar na vida de uma pessoa e que para isso seriam necessárias constantes campanhas promovidas por órgãos públicos.

 

Departamento de Nutrição UFV
Professora Maria do Carmo Gouveia Peluzio
Telefone: 3899 - 1275
E-mail: mpeluzio@ufv.br

 

 
CCOM - Curso de Comunicação Social