O Projeto Reciclar surge nos anos 90 nos braços do trabalho voluntário de professores, funcionários e alunos. 

Por: Pedro Ivo Nunes Almeida e Titina Maia Cardoso

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Coleta Seletiva é a separação do lixo para facilitar o processo de reciclagem. A separação consiste basicamente em dividir o lixo que pode ser reciclado, principalmente papel, vidro, plástico e alumínio. Isso pode ser feito por qualquer cidadão, que dessa forma contribui para a limpeza e higiene da cidade, prevenindo enchentes e diminuindo gastos com a limpeza urbana.

O lixo que produzimos é agrupado, de maneira simples, em orgânico e inorgânico. O primeiro se refere a materiais úmidos e o segundo, a secos. Os materiais orgânicos, geralmente, são compostados e se transformam em adubo. Já os materiais inorgânicos são acumulados e compactados para serem vendidos a empresas que os reciclam.

 

Reciclar é transformar materiais usados em novos produtos. A vantagem desse processo é a diminuição de gastos com água e energia, redução na extração de recursos naturais e nos custos de produção, além de gerar empregos e renda na comercialização de recicláveis.

O Brasil ocupa um lugar expressivo em relação a outros países (mesmo desenvolvidos) quanto à reciclagem. De acordo com dados da organização Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), o país é líder mundial na reciclagem de latas de alumínio (96,2%). O reaproveitamento de papel e papelão é bem significativo, com uma taxa de 77,4%. A reciclagem de garrafas PET também se destaca no cenário mundial, com a reutilização de 47% do material produzido. Entretanto, o vidro, que apresenta o processo mais eficaz de reciclagem (100% do vidro pode ser reaproveitado) ocupa um lugar intermediário internacionalmente com 45%. O plástico poderia ser mais reaproveitado, pois apenas 20% dele é reutilizado.

 

Várias cidades brasileiras já aderiram aos conceitos de coleta seletiva e reciclagem, e esse número vem crescendo com o passar dos anos. Entre elas está o município de Viçosa, que, segundo registros da Universidade Federal de Viçosa, desde os anos 70 já mostra interesse na área. Nessa época, a comunidade universitária começou a despertar para o processo de coleta seletiva, passando a vender para a reciclagem o papel que era descartado pela universidade. Esse trabalho era voluntário e o dinheiro arrecadado era utilizado em programas de assistência social.

Posteriormente, em 1995, alguns estudantes, funcionários e professores decidiram institucionalizar o projeto. Surge assim, o Projeto Reciclar, vinculado à Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários, em parceria com a Associação Beneficente de Auxílio a Funcionários e Estudantes da UFV (Asben), que é o órgão responsável pela administração dos recursos provenientes da venda dos materiais recicláveis. Na época, o Serviço de Parques e Jardins disponibilizou um caminhão para a coleta dos materiais. A institucionalização do projeto foi feita com o objetivo de sistematizá-lo e torná-lo mais eficiente, deixando de ser restrito ao papel e papelão e abrangendo todos os tipos de plásticos, vidros e sucatas em geral.
Na Universidade Federal de Viçosa, a coleta é feita voluntariamente pelos próprios funcionários dos prédios que realizam a separação do lixo: materiais secos em sacos brancos e materiais úmidos em sacos pretos. Esse material é recolhido e levado para o galpão de triagem, pois a separação nem sempre é feita de forma efetiva, como afirma o professor João Tinoco Pereira. Ele diz que os materiais coletados muitas vezes estão misturados, e mesmo quando não estão, é necessária uma seleção mais minuciosa, considerando que existem diferentes classificações em um mesmo grupo de materiais. Posteriormente, o material reciclável é acumulado e prensado e, depois, vendido às empresas especializadas no processo de reciclagem.

Segundo o estudante de Geografia Mauro César Cardoso Cruz, que participa do projeto, a mais recente metodologia utilizada pelo Reciclar é descentralizada e participativa, com a classificação de cada prédio da UFV como uma célula diferenciada, que produz tipos de resíduos diferentes uns dos outros. Assim, os funcionários de cada departamento são treinados e capacitados para gerenciar seu próprio lixo. Essa metodologia já está sendo aplicada nos prédios da Biologia, Arthur Bernardes, Química, Colégio de Aplicação (Coluni) e no Centro de Extensão e Ensino. A quantia gerada com a venda de material reciclável é distribuída entre a manutenção do projeto e o pagamento de funcionários; o excedente é convertido para a assistência social.

 

A expansão do projeto para atender a toda comunidade viçosense é uma expectativa, mas isso ainda não é possível devido às limitações econômicas e estruturais do projeto. Entretanto, a população pode participar separando e depositando o lixo nos postos de coleta, identificados por placas azuis distribuídas pelo campus, ou levando-o diretamente ao galpão de triagem de materiais, localizado próximo ao Departamento de Zootecnia.

 
Professor João Tinoco Pereira
Departamento de Engenharia Civil
Telefone: (31) 3899 – 2753
E-mail: tinoco@ufv.br

 
CCOM - Curso de Comunicação Social