Elo educacional 

Por: Camila Caetano

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Projeto de extensão da UFV busca suprimir atitudes ilegais sobre a Mata do Paraíso, através da conscientização de estudantes de escola municipal.

De uma crise sempre surge algo de valioso que faz com que lutemos por melhorias e mudanças. E com a crise entre as relações da sociedade e o meio ambiente não poderia ser diferente, foi esse abalo que provocou a mobilização da sociedade, a qual começa a exigir soluções.

Na década de 60, a partir de movimentos contra culturais, iniciou o movimento ecológico que trazia como uma de suas propostas a difusão da educação ambiental, até então, pouco discutida. Dessa forma, a Educação Ambiental surge como resposta à preocupação da sociedade com o futuro da vida.

Na mesma época em que a Educação Ambiental estava se expandindo, algumas mudanças ocorriam no município de Viçosa/ MG, em relação a uma reserva da Mata Atlântica localizada nessa região.

Essa reserva até 1966 pertencia à Prefeitura de Viçosa e era utilizada como reservatório e reserva de madeira. Devido à falta de recursos, a prefeitura concedeu à UFV, a reserva florestal, que ficou sob a responsabilidade do Departamento de Engenharia Florestal e passou a ser chamada de Mata do Paraíso.

Dessa maneira, a reserva da Mata Atlântica começa a ser utilizada pela Universidade, em aulas práticas e pesquisas científicas. Acarretando na construção do Laboratório de Educação Ambiental, localizado na própria Mata.

De acordo com Wantuelfer, aproximadamente há sete anos, edifica-se o Laboratório, pela concessão de recursos do estado.  A partir desse momento, a equipe que trabalha na reserva, começa a perceber a alienação dos alunos da Escola Municipal Almiro do Paraíso perante a mata que os cerca. Nesse sentido, começa-se a pensar numa maneira de alimentar o apreço, por parte dos estudantes, pela Mata do Paraíso, e assim contribuir com a sua preservação.

O enfoque foi dado à educação ambiental, que se propõe em atingir os cidadãos, a partir de um processo pedagógico participativo, a fim de dar base para a construção de uma consciência crítica sobre problemáticas ambientais.

Assim, em 2003, inicia-se o Projeto Escola na Mata, que têm por finalidade estreitar o laço entre a Escola Municipal e a Mata. E um programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover simultaneamente o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental.

Contudo, a aprendizagem será mais efetiva se a atividade estiver adaptada às situações da vida real do meio em que vivem os alunos e professores. Nessa mesma linha de pensamento, o atual aluno responsável pelo projeto Escola na Mata, Athaualpa Nazareth, estudante de Agronomia, relata que um dos quesitos foi chegar com calma ao ambiente dos alunos, e conseguir aproximar cada vez mais da cultura dos envolvidos, para que assim pudessem interagir com todos naturalmente.

O coordenador Wantuelfer relata que as famílias dos alunos, também participam das atividades lúdicas oferecidas pelo projeto, dessa forma o trabalho também engloba vivências cotidianas. Referindo-se apenas aos participantes da Escola do Paraíso, são ao total, 12 professores s e 130 alunos.

Wantuelfer Gonçalves ressalta que são executados três trabalhos relacionados com a preservação da reserva florestal da Mata Atlântica, entretanto, ele e os professores Gumercindo Souza Lima e Guido Assunção Ribeiro dividem a responsabilidade de cada projeto, apenas por questões burocráticas, pois na realidade, não há essa separação, pois fazem parte de uma equipe, e esta por sua vez apresenta uma influência mútua.

Cantos e contos da Mata é um dos projetos vinculados à Mata do Paraíso, que Wantuelfer cita. Manuela Isadora é a responsável pelo projeto, e diz ter muito prazer em poder contribuir com o desenvolvimento do trabalho, o qual é feito com crianças da terceira série da Escola Effie Rolfs, aonde semanalmente acontecem as atividades. Isadora, que já possui a experiência de ser mãe, afirma que é inevitável a ligação de afeto que começa a ter com os envolvidos no projeto, pois surge um sentimento “materno” com as crianças.

s vezes os alunos são levados à Mata do Paraíso para realizarem algum trabalho, pois de acordo com Isadora é importante que as crianças tenham esse contato com a natureza para que possam aplicar as coisas que foram debatidas durante os encontros. Um dos temas em destaque desse ano foi em relação ao lixo, desse modo as crianças juntavam materiais recicláveis em casa para que pudessem fazer brinquedos, artesanatos entre outras coisas com os materiais.

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É dessa forma que a Educação Ambiental consegue atingir seus objetivos, ao saber relacionar as florestas com a vida das pessoas, mostrando que produtos como papel, fósforo e outros elementos são provenientes da natureza e que podem ser reaproveitados para manter a preservação do ambiente.

São essas atividades que fazem com que haja a formação de cidadãos críticos e autênticos, e como afirmam a professora de uma das turmas do quarto ano que participa do projeto, Nilza Aparecida, e a mãe de uma das crianças, Ana Araceli de Oliveira, a educação ambiental estimula os alunos desde os estudos na escola até a busca por novos conhecimentos em relação ao que está ocorrendo ao redor deles. Nesse sentido, a criança começa a sair de dentro do seu “cazulo” e passa a se envolver mais com os interesses globais.

Outro projeto vinculado à Mata do Paraíso é o “Viverde no Paraíso”, que trabalha com as comunidades do Palmital, Canelas e Romão dos Reis. Liliane é a aluna responsável pelo projeto, o qual é feito a partir do entretenimento e folclore, a fim de explorar o potencial de lazer (viável e significativa) existente na Mata do Paraíso. Este trabalho abrange diferentes faixas etárias.

Devido à atuação exemplar, obtida pelo projeto, a equipe foi premiada em primeiro lugar de Projeto Extensão, pelo PIBEX, Programa Institucional de Bolsas de Extensão, no primeiro semestre de 2008. Wantuelfer, afirma que esse prêmio, foi alcançado, pelo fato de realizarem com freqüência práticas educativas a fim de valorizar a comunidade e conservar a Mata do Paraíso, a partir do resgate da relação consciente do homem com o mundo.

 
Professor João Tinoco Pereira
Departamento de Engenharia Civil
Telefone: (31) 3899 – 2753
E-mail: tinoco@ufv.br

 
CCOM - Curso de Comunicação Social